terça-feira, 21 de junho de 2011

Mais uma vez relógios...

Hoje lá estava eu atrasada novamente quando passou por minha cabeça ver as horas. Isso me lembrou automaticamente o porque escrevi a frase do post abaixo.

Meu relógio não dá as horas de graça: você tem que apertar um botão para que os números apareçam.

Uma fração de segundo antes de apertá-lo, pensei: 'pra que caralhos?'.

Porque basicamente é isso: não importa os números que aparecem no mostrador - o que importa é que já estou fodida, sempre fodida.

Nessa situação, olhar as horas só aumenta a ansiedade da impotência pelo tempo que não posso conter nem adiar.

O relógio funciona como um oráculo viciado, então é melhor não apertá-lo quando já sei a resposta.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Meu relógio

Meu relógio não diz as horas. Ele diz ‘estais fodida' em algarismos indo-arábicos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pra quebrar o climão...

Vou contar pra vocês, ou pro meu eu do futuro, que seja, que eu passei anos tentando descobrir que música é essa.

Eu sempre a ouvia nos momentos mais inusitados e não conseguia saber o nome. Das últimas vezes que ouvi estava no supermercado e no meio da balbúrdia que é o CompreMal é impossível ouvir dieito, captar a letra de uma frase ou qualquer coisa assim. É uma música que atualmente você poderia ouvir na Alpha FM.

Mas eu vinha colecionando recortes mentais há anos e finalmente consegui montar um pedaço de informação decente e ir ao google procurar... e depois de anos, ANOS, a-nos de busca, achei...!

Então lá vai:

Propaganda - Duel

Crônicas

Lembro quando há nem tanto tempo atrás vivia as mais diversas situações nos coletivos da vida. Sempre há de se conhecer mesmo que por poucos minutos um total estranho.

Aconteceu hoje. Não lembro de ter acontecido alguma outra situação 'tão pura' recentemente.

No metrô apertado encontrei um miraculoso canto ao lado da porta onde não atrapalharia ninguém. Ao parar na estação seguinte, o trem foi abarrotado por outras carnes como a minha, algumas mais espaçosas e outras ainda mais espaçosas, só não sendo mais por real falta de espaço. Uma observação a parte é a quantidade de gente sem noção nenhuma no mundo. Noção de espaço, no mínimo. Pulemos.

Nesse fluxo de pessoas uma garota vinha empurrada em minha direção e já a distância trocamos um olhar de empatia pura - o reconhecimento da sensação levemente embaraçosa que ela sentia misto de divertimento pela cena absurdamente ridícula que ela protagonizava, protagonizada cada vez por um de nós: ser levado pela maré nesses trens da vida (percebam a ótima analogia).

Bem, ela veio trazida pelos que a sucediam e estancou subitamente a minha frente, sorrindo. Retribuí e continuamos a viagem, em que tive que ficar de rosto virado para não tocar a ponta do nariz dela com o meu.

Nessa situação constragedora, de repente ouço-a perguntar: "você sabe se a estação Paraíso abre para esse lado?". Depois de uma olhadela rápida a nossa volta respondi apenas um "tomara" e sorri, o que foi suficiente para desencadear uma reação de riso em ambas, reação essa que naquele momento nos tornou próximas. Sem nunca termos visto uma a outra antes.

Depois de um momento de expectativa, tchãrã, é claro, a porta abria do lado oposto. Atravessamos a multidão de corpos, bolsas, mochilas e afins e saímos do vagão.

Ao sair da minhoca de metal deparei-me com outra logo a frente, e estando eternamente atrasada, piquei a mula (adoro isso, hahaha) e entrei nela.

A garota ficou para trás. Mas compartilhamos 4 minutos que seriam solitários no meio de uma multidão espantosa. Nos vimos no meio de centenas, quase milhares de rostos que passam como borrões na pressa, na sua e na dos donos dos rostos.

A gente corre tanto que não lembra sequer de um rosto estranho que vimos durante o dia, simplesmente porque não os focalizamos tempo suficiente - há exceções, obviamente.

Sabe, prá mim isso é vida, esse momento compartilhado com um estranho que se torna íntimo por uma fração de tempo ínfima da sua vida. Isso é mais, é mundo, é tudo porque é sem preconceitos, sem conceitos, sem nada, simplesmente é.

São as curtas crônicas da vida. Simples.