sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O mistério do lustre - Parte 1

Desde ontem notei que tem algo estranho no lustre do quarto.

Na verdade, nem sei se chamam isso de lustre, uma vez que para mim é apenas uma tampa de vidro que amaina a ofuscância da lâmpada. Lâmpada do tipo amarelo, se lhes ocorreu essa dúvida. Gosto. Ainda acostumo-me à lâmpada fluorescente porque remetem a trampo e hospital - sem grandes problemas com nenhum dos dois, mas não quero esses ares na minha casa.

Sei lá porque não tirei aquela tampa dali na última vez que troquei a lâmpada do quarto. Nem gosto dela.

Acho que quem viu antes foi a Sofia. Havia algo como uma água amarelada. "Olha mãe, tá amarelo!". À noite, a coisa havia se transformado em outra coisa e hoje, hoje está laranja. Com uns pontos escuros.

É claro que deve ser algo nojento. Não tem como não ser. Parece que tem um inseto derretendo. Mas ontem era outra coisa.

Isso está mexendo comigo.

Ah, por que não abri ontem mesmo? O pé direito aqui tem pouco mais de 3 metros e para alcançá-la tenho que pedir emprestada ao zelador uma escada de mais de dois metros, de madeira, velha, pesadíssima, que vive junto com as baratas na miniatura de porta situada no térreo.

Depois disso, tenho que subir com ela três lances de escada, exatamente 67 degraus, pois não há elevador nesse velho prédio. Subir bem encostadinha a essa escada nojenta, na qual um dia já tive o desprazer de ver uma múmia de barata enrodilhada. Depois que o Fabio subiu com ela. Ou seja, eca.

E, por fim, e não menos importante: temo o que vou encontrar. Tirar a tampa, mal equilibrada no topo da escada, temendo que caia algum pedaço de alguma coisa em mim, temendo ter um ataque frenético lá em cima caso alguma nojeira aconteça. Às vezes só olhar pode desencadear um ataque frenético em mim. Aconteceu esses dias quando vi essa foto.

São boas desculpas, né? Pelamordedeus.

Está chegando mais uma noite. Tentei intimar o Fabio ontem dizendo que ele ia tirar, apesar de saber que é justo rolar uma argumentação, e rolará né, não sou tirana. Mas queria muito, MUITO, que não fosse eu a pessoa a tirar.

Depois eu conto o que era.

Ah, vi essa foto numa postagem sobre coisas nojentas achadas em comida, no Oddee. A situação de quase morder uma cabeça de galinha facilmente desencadearia um frenesi. No caso de um rato ou sapo, fatalmente um piripaque. Ia gritar até o nojo sair do meu corpo.

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